IMPACTO DA PANDEMIA NA SAÚDE MENTAL: USO DE PSICOFÁRMACOS AUMENTA EM PIATÃ
A pandemia de COVID-19 provocou impactos significativos no Brasil e no mundo em diversas áreas. Na saúde, as consequências foram severas, especialmente em relação à saúde mental da população.
No município de Piatã, no interior da Bahia, um estudo realizado no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade detectou um aumento expressivo no uso de psicofármacos, como benzodiazepínicos e antidepressivos, entre 2019 e 2022. Esses dados reforçam a necessidade de uma atenção redobrada à saúde mental no contexto pós-pandêmico.
O levantamento, conduzido durante a pandemia, analisou o perfil de uso de medicamentos por pacientes do CAPS. Devido ao isolamento social, ao medo do contágio, às incertezas econômicas e à perda de entes queridos, o número de pessoas com transtornos mentais, como ansiedade, depressão e insônia, cresceu consideravelmente. O estudo aponta que o número de pacientes atendidos pelo CAPS saltou de 769 em 2019 para 1.767 em 2022.
Esse aumento se refletiu diretamente na demanda por medicamentos psicotrópicos, que também cresceu significativamente. Os benzodiazepínicos, frequentemente usados no tratamento da ansiedade, foram os mais prescritos, seguidos por neurolépticos e anticonvulsivantes. Essa realidade evidencia o impacto profundo da pandemia na saúde emocional da população e a importância de fortalecer as políticas públicas de saúde mental.
Para a Dra. Idinaia Santana, uma das autoras do estudo, o conteúdo serve como um alerta. “A pandemia intensificou problemas que já existiam, como o acesso limitado aos serviços de saúde mental e a falta de suporte adequado. Precisamos garantir que a população tenha acesso contínuo aos medicamentos necessários e ao acompanhamento especializado”, destaca.
Com a mudança nas necessidades dos pacientes, o município de Piatã adaptou a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUNE), incluindo novos psicofármacos para melhor atender à crescente demanda. Essa medida foi fundamental para garantir a continuidade do tratamento dos pacientes durante os momentos mais críticos da pandemia.
O CRF-BA ressalta a importância de que os farmacêuticos atuem em conjunto com equipes de saúde mental, auxiliando no controle da dispensação de medicamentos e na educação dos pacientes quanto ao uso correto dos psicotrópicos. O papel do farmacêutico vai além da dispensação; ele é essencial na orientação, acompanhamento e, sobretudo, no acolhimento dos pacientes.
Com a pandemia sob controle, o desafio agora é manter e ampliar os serviços de saúde mental para atender às sequelas deixadas pelo longo período de distanciamento social e estresse. O estudo sugere a continuidade das pesquisas sobre o impacto da COVID-19 na saúde mental e o desenvolvimento de novas estratégias de cuidado para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) no enfrentamento de futuras crises.