27 de fevereiro de 2024

FARMACÊUTICO FAZ SUCESSO AO USAR REDE SOCIAL PARA ALERTAR A POPULAÇÃO

O farmacêutico Phydel Palmeira já colaborou na elaboração de um manual sobre o uso racional de medicamentos, mas uma postagem no X (antigo Twitter) fez suas orientações sobre os riscos da automedicação alcançarem um público inédito.

Publicado no último dia 15, seu alerta sobre os medicamentos que não devem ser usados por pacientes com dengue, ou suspeita, teve 23,2 mil compartilhamentos, 80 mil curtidas e mais de mil comentários tirando dúvidas ou contando experiências.

Os relatos reforçam o quanto a automedicação é comum na população brasileira, as pessoas contam recorrer a medicamentos cuja função é conhecida sem nenhuma orientação de profissionais de saúde.

Entre as causas da disseminação desta prática, Palmeira cita dificuldades de acesso aos serviços de saúde e o desconhecimento de parte da população sobre os atendimentos oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Atualmente, mesmo os usuários de planos de saúde não conseguem agendamento imediato quando o quadro não é urgente. Na Resolução Normativa 566/2022, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o prazo estabelecido para consultas em pediatria, clínica médica e ginecologia é de até sete dias; nas demais especialidades médicas, os convênios têm o máximo de 14 dias para agendar.

“Muitas pessoas têm muita dificuldade de ter dinheiro para ir até o serviço de saúde. Tem também o fato de que em algumas drogarias, mesmo medicamentos que exigem receita são dispensados sem a receita”, avalia o farmacêutico.

Um dado da pesquisa realizada, em 2019, pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) demonstra a observação feita por ele, pois antibiótico foi o segundo tipo de medicamento mais usado por conta própria.

Para reverter a alta adesão à automedicação, Palmeira acha importante introduzir  o tema na educação básica. “Nas escolas mesmo, incentivar o uso racional, mostrar que medicamento pode ser perigoso, que precisa ter cuidado”, defende.

Ele acrescenta que outro efeito negativo do uso não orientado é o desenvolvimento de tolerância àquela substância, além dos riscos de impactos a longo prazo quando medicamentos com indicação para períodos limitados são utilizados por muitos anos.

O presidente do Cremeb, Otávio Marambaia, reforça a importância das pessoas procurarem seu médico assistente ou um posto de saúde quando apresentarem sintomas de doenças. “Mesmo medicamentos considerados de baixo impacto, e que são vendidos sem receita médica, devem ser tomados com parcimônia e, de preferência, conforme orientação médica”, completa.

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