O Laboratório de Farmacogenômica e Epidemiologia Molecular da Universidade Estadual de Santa Cruz (Lafem/Uesc), em Ilhéus, já realizou perto de 23 mil exames para detecção do novo Coronavírus, desde o início da pandemia. O percentual de resultados positivos, que chegou a 60%, hoje está na casa dos 10%.

A responsável técnica pelo laboratório na atividade de diagnóstico do SARS-CoV-2, Dra. Ana Paula Mariano, destaca que o Lafem/Uesc sempre foi um laboratório de pesquisa da universidade, realizando estudos envolvendo epidemiologia e diagnóstico de diferentes infecções virais. 

Com a crescente demanda pelos exames para Covid-19, a Dra. Ana Paula e outros professores da Uesc, perceberam a oportunidade de oferecer esse serviço à população, uma vez que possuíam a expertise, um espaço com áreas separadas (o Lafem) para realização das diferentes etapas do diagnóstico do SARS-CoV-2 e os equipamentos da universidade para a realização dos exames.

“Além disso, o Lacen encontrava-se sobrecarregado para atender às demandas da Bahia inteira. As amostras precisavam ser enviadas para Salvador e isso significava uma viagem de 6 horas de carro”, relata a farmacêutica.

De acordo com a Dra Ana Paula, após começarem a realizar os diagnósticos para Covid-19, a equipe conseguiu entregar cerca de 80% dos resultados em menos de 12 horas, a partir do recebimento das amostras. “Isso acrescenta um grande valor às ações de saúde pública que precisam ser tomadas em tempo hábil, bem como para a conduta dentro dos hospitais”, afirma.

Antes de iniciarem a realização dos exames, a equipe foi em busca do Lacen, que orientou os profissionais com a nota técnica de adequação física do laboratório e todos os pré-requisitos exigidos para que um laboratório NB2 pudesse realizar exames de diagnóstico do vírus.

Mas, a farmacêutica ressalta que os primeiros passos não seriam possíveis sem mobilização. “Contamos inicialmente com o apoio do Instituto Arapyau no que se refere à manutenção preventiva, calibração e troca dos filtros de ar de equipamentos e fluxo laminar. A própria Uesc ajudou na readequação do espaço físico e na compra de um extrator automatizado. Alguns professores de outros laboratórios emprestaram equipamentos”.

Na parte burocrática, foi necessário elaborar todos os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), se adequar ao Programa de Gerenciamento de Resíduos de Saúde (PGRS), obter todos os documentos exigidos para que a Vigilância Sanitária emitisse o alvará de funcionamento e também o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

“Contamos também com a ajuda do CRF-BA, que agilizou a emissão do documento de responsabilidade técnica, bem como nos isentou do pagamento da taxa por se tratar de uma instituição pública e sem fins lucrativos”.

Em relação aos próximos meses, no que se refere à pandemia, a Dra. Ana Paula acredita que, se os testes de diagnóstico continuarem sendo realizados, medidas como uso de máscara em locais fechados, higienização das mãos e o avanço da vacinação, os casos de Covid-19 se manterão em números mais baixos e estáveis. “Talvez os índices subam um pouco, mas não como antes. Isso por conta da variante Delta. Todavia, em face do andamento da imunização, dos estudos para desenvolver mais vacinas, novas abordagens e novos medicamentos específicos para o tratamento da infecção viral, acredito que o número de casos graves e óbitos não aumentem como outrora”.