DR. PAULO BOFF FALA DE SUA TRAJETÓRIA NA ÁREA FARMACÊUTICA
De passagem pela Bahia para participar da edição da Jofarba, em Itabuna, onde apresentou a palestra “A inovação disruptiva mudará a prática farmacêutica”, o Dr. Paulo Roberto Boff, concedeu entrevista para falar de sua trajetória na carreira e da importância do profissional farmacêutico estar antenado no uso das novas tecnologias.
Graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ele já atuou em várias áreas no âmbito da profissão farmacêutica, inclusive na docência, onde acredita ter encontrado sua vocação. O Dr. Paulo Boff coordenou ainda o curso de Farmácia na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), onde também foi gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão.
O farmacêutico afirma que descobriu um novo universo ao coordenar, na universidade onde trabalhava, uma agência de ciência, tecnologia e inovação que visava articular o setor produtivo, governo e academia, a chamada Tríplice Hélice da Inovação, para geração de soluções inovadoras.
A minha função, nessa atividade ligada à gestão, ia além do âmbito da graduação em Farmácia. Foi aí que comecei a compreender a importância do conhecimento como um instrumento transformador na prática. No Brasil, uma das críticas mais comuns é que o conhecimento nem sempre é aplicado como deveria
O Dr. Paulo Boff explica que o Brasil é a 13ª nação que mais produz ciência no mundo. Mas ao levar em conta o impacto dessa produção na inovação, caímos para 70º lugar. Segundo ele, esse fenômeno representa bem a dificuldade da relação que envolve o setor produtivo, o setor público e a sociedade para gerar mudanças a partir do conhecimento.
“Foi o desafio de encurtar esse caminho que me estimulou. Participei de todo o movimento responsável pela criação dos atuais centros de inovação espalhados por diversas cidades, em Santa Catarina”, recorda.
Seu envolvimento com o tema foi tanto que, recentemente, o Dr. Paulo iniciou o doutorado na área de inovação. “Minha tese discute a relação que a 4ª Revolução Industrial tem na prática e nos produtos farmacêuticos, além de como a inovação disruptiva vai impactar nos serviços oferecidos por essa área da saúde”.
Ele afirma acreditar que o Brasil possui plenas condições de fazer as mudanças necessárias para ingressar com propriedade na 4ª Revolução Industrial, também conhecida como Revolução do Conhecimento ou Revolução Digital, pois isso irá promover mudanças, não só na área de farmácia, mas em todas as profissões.
“Ao trazer para a farmácia o conhecimento que adquiri em anos no campo da inovação é possível fomentar discussões que ainda são incipientes nesse setor. Mesmo sabendo que nem sempre isso é muito agradável, porque mexe no status quo, com a zona de conforto estabelecida. É necessário, de vez em quando, dar uma ‘futucada’, como se diz aqui na Bahia, para provocar mudanças”.
O farmacêutico destaca que os profissionais jovens são mais abertos a essa discussão, até porque, já estão inseridos na Revolução Digital. “Eles conhecem uma linguagem que a minha geração, por exemplo, está se esforçando para entender. Sendo assim, esses jovens que ingressam nos cursos de nível superior hoje, precisam encontrar nas universidades uma referência de educação compatível com o novo paradigma”.
Para o Dr. Paulo, estamos oferecendo um ensino superior que olha para as revoluções tecnológicas que já aconteceram e que estão caminhando para se tornarem ultrapassadas. Na sua opinião é importante fazer uma discussão sobre a formação dos jovens e a reprofissionalização daqueles que já estão no mercado de trabalho.
Ele explica que um trabalho acadêmico, como um TCC, por exemplo, pode se tornar uma startup e gerar soluções para o sistema de saúde, para uma farmácia ou indústria. Mas para que isso aconteça, o estudante precisa ter o apoio necessário. “O jovem universitário tem que ser acolhido e estimulado a produzir soluções que se tornem um modelo de negócio. Mas os trâmites para que isso ocorra não são conhecidos por aqueles que atuam no campo da saúde. Além disso, nós somos mais conservadores e um tanto preconceituosos em relação a esse tema”.
Como forma de buscar uma solução para essa questão, o Dr. Paulo fala de uma ideia que teve há algum tempo, mas que para se tornar realidade precisa do apoio de entidades farmacêuticas, como o CRF-BA. “Até conversei com o atual presidente, Dr. Martinelli, sobre a criação de um programa de startups farmacêuticas. Poderia ser organizado, por exemplo, um startup weekend, com um tema a ser solucionado, onde as universidades, representadas pelos estudantes, apresentariam propostas resolutivas. Mentores fariam o acompanhamento com sugestões para aprimorar os projetos”, sugere.
Ao falar do presidente do CRF-BA, o Dr. Paulo Boff relembra que já atuou na militância pela categoria, na área sindical, em Santa Catariana, e no Conselho Regional de lá .
Ele foi também conselheiro federal por seu estado, no CFF, onde conheceu o Dr. Mário Martinelli e também o Dr. Altamiro José, atual conselheiro pela Bahia. “A identificação com o Mário foi imediata, por defendermos as mesmas ideias e termos objetivos em comum para o benefício da nossa categoria”.
O catarinense também destaca sua relação com a deputada Alice Portugal, a quem considera uma inspiração para farmacêuticos de todo o Brasil. “É também por causa desses profissionais, que tanto admiro, que se estabeleceu essa relação tão próxima entre Santa Catarina e a Bahia”, conclui.