Indígena da etnia potiguara, a Dra. Rita de Cássia dos Santos Silva já sabia, desde criança, que um dia seria farmacêutica.

Natural da Paraíba, mais exatamente da aldeia Caieira, no município de Marcação, ela concluiu a graduação em Farmácia, no ano de 2021, pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), em João Pessoa.

Hoje, atuando na área que tanto desejou, a Dra. Rita de Cássia mora e trabalha em Juazeiro, na Bahia. Além disso, ela é a única profissional de Farmácia de origem indígena do nosso estado presente no I Fórum Nacional da Assistência Farmacêutica na Saúde Indígena, que acontece, em Brasília, entre os dias 26 e 27 de junho.

Então, que tal conhecer mais sobre essa história inspiradora?

A Dra. Rita de Cássia afirma ter se espelhado nas mulheres da sua família para escolher uma profissão ligada à área da saúde.

“É comum, nos territórios indígenas, as casas terem plantas medicinais cultivadas nos quintais. Ainda pequena eu via minha bisavó e também minha avó colherem essas ervas para tratar das doenças de pessoas que as procuravam”, recorda.

Mas a grande referência dela foi sua mãe, Maria José, que há 25 anos atua com saúde indígena. “Minha mãe passou em um processo seletivo e começou a trabalhar como agente indígena de saúde, na nossa aldeia. Algum tempo depois, ela fez um curso de técnica de enfermagem. Posteriormente, se graduou como enfermeira, sempre com trabalhos voltados para a nossa comunidade”.

A Dra. Rita de Cássia recorda que, ainda na graduação em Farmácia, já tinha o desejo de trabalhar para o seu povo. “Quando eu falo meu povo, não me refiro apenas à etnia potiguara, mas a todos os integrantes das diferentes comunidades indígenas onde quer que estejam”.

A farmacêutica relata que, na faculdade, percebeu existir uma visão estereotipada dos povos originários, que ainda eram vistos como atrasados. “Eu quis desmitificar aquela imagem e mostrar que nós, indígenas, também somos contemporâneos. Mesmo assim, sempre que eu podia, usava minhas pinturas corporais feitas com jenipapo para ir às aulas. Tenho orgulho da minha origem”.

Embora tenha começado a trabalhar como farmacêutica, no seu estado natal, atendendo à população em geral, foi na Bahia que ela conseguiu a oportunidade de focar na atuação junto às comunidades indígenas.

Quando foi anunciado um processo seletivo, na Bahia, com vagas para profissionais farmacêuticos atuarem no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), ela não pensou duas vezes.

“Fui selecionada e escolhi trabalhar em Juazeiro, onde vivo desde 2022, cuidando da saúde dos meus irmãos”.

Sobre estar presente ao I Fórum Nacional da Assistência Farmacêutica na Saúde Indígena, ela se mostra bastante empolgada e com muitas expectativas.

“Esse momento é histórico. Vejo como mais uma etapa vencida e mais uma conquista para os povos indígenas. Fico emocionada em participar de um evento de tamanha importância. Trocar experiências com colegas de outros estados que estão unidos pelo mesmo trabalho tem um valor incalculável”, conclui.

Que o exemplo da Dra. Rita de Cássia possa motivar jovens na escolha de suas carreiras e outros profissionais farmacêuticos para atuarem com a saúde indígena.