REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DO CRF-BA TRAZ ARTIGO SOBRE O USO INDISCRIMINADO DO CONTRACEPTIVO DE EMERGÊNCIA

Estamos nos aproximando do dia 5 de maio, data que marca a conscientização sobre o uso racional de medicamentos e que busca alertar a todos sobre os riscos causados à saúde pela automedicação.
Dentro da proposta de orientar aos farmacêuticos e a população quanto ao uso incorreto de medicamentos, destacamos o artigo acadêmico “Uso indiscriminado do contraceptivo de emergência e o papel do farmacêutico na promoção do seu uso racional”, de autoria da Dra. Gleidiane de Farias Souza, com orientação da professora Dra. Catiule de Oliveira Santos.
O artigo foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Dra. Gleidiane, quando aluna da graduação em Farmácia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Segundo a autora, a ideia de abordar o tema surgiu diante da constatação, durante o período em que atuou em uma farmácia comunitária, do elevado número de contraceptivos de emergência vendidos e da reflexão sobre os possíveis efeitos causados pelo uso indiscriminado desse medicamento, também conhecido como pílula do dia seguinte.
O artigo da Dra. Gleidiane foi publicado na Revista Eletrônica Científica (REC) do CRF-BA, disponível no site: www.crf-ba.gov.br.
A seguir, acompanhe a entrevista com a Dra. Gleidiane.
CRF-BA: De que maneira surgiu a ideia de desenvolver um artigo acadêmico sobre o tema “Uso indiscriminado do contraceptivo de emergência e o papel do farmacêutico na promoção do seu uso racional”?
Dra. Gleidiane: Durante um período de estágio em uma farmácia, presenciei um grande número de vendas de contraceptivos de emergência (CE), sobretudo entre adolescentes. Isso me fez refletir sobre os possíveis efeitos do uso indiscriminado dessas pílulas nas usuárias e a considerar qual seria o meu papel, enquanto farmacêutica, para intervir positivamente nesse cenário
CRF-BA: Como tem sido percebido o aumento no uso de contraceptivos de emergência, conhecidos também como “pílulas do dia seguinte”?
Dra. Gleidiane: O aumento no uso dos contraceptivos de emergência tem sido percebido como um fenômeno preocupante em diversos aspectos. Ele reflete não apenas falhas no uso de métodos contraceptivos regulares, mas também um significativo déficit de orientação profissional e educação sobre saúde reprodutiva. Muitas mulheres recorrem ao método sem informações adequadas, o que pode comprometer sua eficácia e resultar em efeitos colaterais indesejados. Além disso, há uma persistência de mitos sobre o funcionamento do contraceptivo, como a ideia equivocada de que ele é abortivo. Isso destaca a importância de promover um uso consciente e responsável, reforçando o papel educador dos farmacêuticos nesse cenário.
CRF-BA: Qual o grupo de mulheres que mais recorrem aos contraceptivos de emergência?
Dra. Gleidiane: O perfil das usuárias de contraceptivo de emergência é predominantemente de mulheres jovens e universitárias. Muitas delas relatam ter acesso limitado a informações corretas sobre contracepção, sendo influenciadas por fontes não confiáveis, como amigos e redes sociais, em vez de profissionais de saúde. A falta de orientação adequada e o uso do CE como solução para falhas em métodos contraceptivos regulares são recorrentes entre essas usuárias, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais educativa e de suporte na orientação contraceptiva.
CRF-BA: Existe muita desinformação sobre o uso adequado desses medicamentos? Quais os erros são mais comuns por parte de quem os utiliza?
Dra. Gleidiane: Sim, há muita desinformação sobre o uso adequado dos contraceptivos de emergência. Os erros mais comuns incluem o uso repetitivo como método contraceptivo de rotina, a automedicação sem orientação profissional, o desconhecimento sobre interações medicamentosas e a crença equivocada de que o medicamento tem ação abortiva.
CRF-BA: Quais malefícios esse consumo inadequado pode causar?
Dra. Gleidiane: O uso inadequado do contraceptivo de emergência pode causar efeitos adversos, como alterações no ciclo menstrual, náuseas, tonturas e dores de cabeça. Além disso, a utilização frequente pode reduzir sua eficácia, aumentando o risco de gravidezes indesejadas.
CRF-BA: De que forma o profissional farmacêutico pode auxiliar no combate ao uso indiscriminado do contraceptivo de emergência e contribuir na promoção do seu uso racional?
Dra. Gleidiane: O farmacêutico atua como um educador em saúde, fornecendo informações precisas sobre o CE, desmistificando e orientando sobre o uso correto do medicamento. Ele deve estar preparado para discutir as opções contraceptivas disponíveis, as indicações, contraindicações, interações medicamentosas e os possíveis efeitos colaterais. Além disso, o farmacêutico pode ajudar a promover a saúde reprodutiva, incentivando a adoção de métodos contraceptivos regulares e a realização de acompanhamento médico.
CRF-BA: Quais orientações podem ser dadas para as pessoas que precisam, em algum momento, utilizar esse tipo de contraceptivo?
Dra. Gleidiane: É importante que as usuárias sejam orientadas a tomar a pílula o mais rápido possível após a relação desprotegida ou falha em algum método contraceptivo, e acima de tudo compreender que o CE não deve ser utilizado como método contraceptivo regular, estando cientes dos possíveis efeitos colaterais, e o que fazer para amenizá-los.