9 de outubro de 2024

BOTULISMO: SAIBA TUDO A RESPEITO DESSA DOENÇA

Recentemente, várias notícias foram divulgadas a respeito do botulismo. É fundamental que o farmacêutico esteja informado sobre o cenário epidemiológico dos casos dessa doença, a fim de orientar a população sobre prevenção, manejo dos sintomas, realização de encaminhamentos e notificação dos casos à vigilância epidemiológica.

A Vigilância Epidemiológica do Estado da Bahia confirmou seis casos de botulismo alimentar no estado desde janeiro de 2024. Desses casos, duas pessoas morreram, três ainda estão hospitalizadas e apenas um paciente recebeu alta. Os casos ocorreram nos municípios de Salvador, Campo Formoso, Senhor do Bonfim e Cícero Dantas. A principal suspeita é que a infecção tenha ocorrido por meio da ingestão de mortadela de frango contaminada.

Em 2023, foram registrados dois casos de botulismo na Bahia, ambos em Feira de Santana.

Resumo dos casos:

  • Casos confirmados: 6
  • Mortes confirmadas: 2
  • Pacientes hospitalizados: 3
  • Paciente com alta hospitalar: 1
  • Principal suspeita: consumo de mortadela de frango contaminada

O que é o botulismo?

O botulismo é uma doença não contagiosa, causada por uma potente neurotoxina. Apresenta-se sob três formas: botulismo alimentar, botulismo por ferimentos e botulismo intestinal.

Embora o local de produção da toxina botulínica varie entre as formas, todas se caracterizam clinicamente por manifestações neurológicas e/ou gastrintestinais, podendo evoluir de forma grave, com necessidade de hospitalização prolongada.

Como ocorre a contaminação?

O botulismo alimentar ocorre quando alimentos contaminados com a toxina são ingeridos. Alimentos enlatados, embutidos e conservas caseiras estão frequentemente associados aos surtos da doença, principalmente quando não processados adequadamente, como salsichas, salames, presuntos e patês.

É importante destacar que não é uma doença contagiosa.

As toxinas são produzidas quando alimentos não são processados ou armazenados adequadamente. Nesse cenário, a bactéria Clostridium botulinum pode gerar esporos resistentes, que, em condições inadequadas, produzem toxinas.

Quais são os sintomas?

Os primeiros sintomas são semelhantes aos de uma intoxicação alimentar: náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia, surgindo entre 12 e 36 horas após a ingestão do alimento contaminado. Posteriormente, surgem os sintomas neurológicos, como visão dupla ou desfocada, queda das pálpebras, dificuldade de engolir e falar, boca seca, fadiga e falta de coordenação motora.

Como prevenir?

É recomendado evitar o consumo de alimentos em conserva que apresentem latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas ou vencidas, bem como produtos com alterações no cheiro e aspecto. A educação sanitária da população é essencial, pois conservas caseiras e alimentos de estabelecimentos clandestinos são os maiores responsáveis pelos surtos de botulismo.

Diagnóstico

Nos casos de botulismo alimentar, o diagnóstico laboratorial é feito a partir da análise de amostras clínicas e alimentares, visando detectar a presença da toxina botulínica. A cultura do Clostridium botulinum pode auxiliar no diagnóstico, especialmente em casos de botulismo intestinal e por ferimentos.

Notificações

Devido à gravidade e à possibilidade de novos casos oriundos da mesma fonte de alimentos contaminados, no Brasil, qualquer caso de botulismo é considerado um surto e, portanto, um Evento de Saúde Pública (ESP). A notificação é obrigatória e deve ser feita em até 24 horas. O botulismo tornou-se de notificação compulsória imediata em 2001, e a notificação pode ser realizada por profissionais de saúde pelo e-SUS Sinan.

O CIEVS-BA pode ser contatado pelos telefones: (71) 99994-1088 | (71) 3115-4342.

Para saber mais:

  • Brasil. Ministério da Saúde. Manual integrado de vigilância epidemiológica do botulismo / Ministério da Saúde. 2006. Disponível em: Boletim Epidemiológico 2021
  • CERESER, N. D. et al. Botulismo de origem alimentar. Ciência Rural, v. 38, n. 1, p. 280–287, jan. 2008.
  • Brasil. Botulismo, Brasil, 2006 a 2020. 2021. Disponível em: Boletim Epidemiológico 2021
  • Botulismo pode causar paralisia dos órgãos, se não tratado a tempo. 2024. Disponível em: Jornal USP
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