FEBRE DE OROPOUCHE: O QUE TODO FARMACÊUTICO PRECISA SABER
Em 2024, foram registrados 7.236 casos de febre do oropouche em 20 estados brasileiros. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e Rondônia. Estão em investigação seis casos de transmissão vertical (de mãe para filho) da infecção da febre do oropouche: três casos em Pernambuco, um na Bahia e dois no Acre.
Sobre o assunto, segundo a BBC, o Ministério da Saúde informou que até então “não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença”.
Na Bahia, até o dia 23 de julho de 2024, o LACEN-BA (Laboratório Central de Saúde Pública) diagnosticou 835 amostras positivas de febre do oropouche, distribuídas em 59 municípios de sete macrorregiões de saúde. Desses casos, 58% estão concentrados na macrorregião Sul, seguida pela macrorregião Leste, com 39% dos casos. Na Bahia, foram confirmadas as duas primeiras mortes pela doença no Brasil.
É fundamental que o farmacêutico esteja informado sobre a febre do oropouche para orientar os pacientes sobre prevenção, manejo dos sintomas, realização de encaminhamentos e notificação dos casos à vigilância epidemiológica.
O que é a febre de Oropouche?
A febre do oropouche é uma arbovirose, ou seja, uma infecção viral transmitida por artrópodes, como os mosquitos. Esta doença é causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV).
Transmissão
A transmissão ocorre principalmente por mosquitos, descritos em dois ciclos: o ciclo silvestre, onde o hospedeiro do vírus é um animal (como bichos-preguiça e macacos) e alguns tipos de mosquitos (Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus), assim como o mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, em alguns lugares na Bahia chamado de “muruim”, que também pode carregar o vírus, sendo considerado o principal transmissor nesse ciclo.
No ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros do vírus, e o mosquito Culicoides paraensis é o principal vetor. O mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus.
Até o momento, não há evidências de transmissão direta de pessoa a pessoa. Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos infectados de 2 a 5 dias após o início dos primeiros sintomas. O período de incubação intrínseca do vírus (em humanos) pode variar entre 3 e 8 dias após a infecção pela picada do vetor.
Quais são os sintomas?
- Febre de início súbito
- Cefaleia (dor de cabeça)
- Mialgia (dor muscular)
- Artralgia (dor articular).
Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular (dor no fundo do olho), calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. Casos com acometimento do sistema nervoso central, especialmente em pacientes imunocomprometidos, e com manifestações hemorrágicas podem ocorrer.
Qual é o manejo e o tratamento?
Não existem medicamentos nem vacinas específicas para a febre de Oropouche. O manejo é sintomático.
Como prevenir a doença?
A prevenção da febre de Oropouche envolve medidas para evitar a picada de mosquitos, como:
- Uso de repelentes
- Instalação de telas em janelas e portas
- Uso de roupas que cubram a maior parte do corpo
- Eliminação de criadouros de mosquitos
Notificação
A febre de Oropouche é uma doença de notificação obrigatória. É crucial que os profissionais de saúde relatem casos suspeitos às autoridades de saúde pública para monitoramento e controle da doença, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública.
notificação deve ser realizada por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan.
Como Diferenciar febre de Oropouche de Dengue, Zika e Chikungunya?
A febre de Oropouche pode ser confundida com outras arboviroses como dengue, Zika e chikungunya, devido à semelhança nos sintomas, como dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Neste sentido, é importante que profissionais da área de vigilância em saúde sejam capazes de diferenciar essas doenças por meio de aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e orientar as ações de prevenção e controle.
Para saber mais:
Assista ao Webnário SVSA: Aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais da Febre Oropouche no Brasil.
Referências:
Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 6/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS. Orientações para a vigilância da Febre do Oropouche. 2024. Disponível em:
SESAB. Nota Técnica. Orientações acerca da vigilância da Febre Oropouche no Estado Bahia. 2024. Disponível em: https://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2017/11/Nota-Tecnica-No13-Orientacoes-acerca-da-vigilancia-da-Febre-Oropouche-no-Estado-Bahia.pdf