O uso inadequado de medicamentos é considerado um problema grave enfrentado no mundo todo, pois pode causar sérios riscos à saúde das pessoas. Sendo assim, ações para evitar erros na utilização de fármacos são necessárias, mas, precisam da atuação conjunta de profissionais de saúde, educadores e gestores para obterem o resultado esperado.

Em 2019, para marcar o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, comemorado em 5 de maio, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) idealizou uma campanha nacional com o tema “Saúde não é jogo” e convocou os Conselhos Regionais para desenvolverem ações locais relacionadas à temática escolhida.

Desta forma o CRF-BA criou um jogo de tabuleiro que recebeu o nome de Farma Game com a finalidade de oferecer aos participantes de diversas faixas etárias (crianças, adolescentes, adultos e idosos) informações sobre medicamentos como conservação adequada, descarte correto e uso consciente dos mesmos, entre outras.

Segundo a Dra. Maria Fernanda Barros, farmacêutica responsável pelo Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do CRF-BA, divulgar informações de qualidade para a comunidade é sempre um desafio e o Farma Game ajuda a facilitar essa missão.

O objetivo de desenvolver um jogo de tabuleiro foi fortalecer a comunicação local, ampliando o acesso a informações sobre medicamentos, bem como permitir aos participantes acesso a conhecimentos para a promoção do autocuidado. Por isso, é importante investir em estratégias que facilitem essa comunicação por meio de ferramentas educativas diferenciadas na área da saúde

destaca a Dra. Maria Fernanda.

De acordo com a representante do CRF-BA, muitos desafios são impostos aos profissionais de saúde na atualidade, pois não basta possuir conhecimento técnico sobre os assuntos que permeiam sua especialidade, como no caso do farmacêutico com assuntos relacionados aos medicamentos.

“Para dialogar com a comunidade, por meio da educação em saúde, é necessário favorecer a aprendizagem de forma significativa, desenvolver estratégias com uma participação ativa e lúdica, de modo a incentivar trocas de saberes entre o profissional e a comunidade. Assim, contribuiremos para o uso seguro dos medicamentos”, explica a farmacêutica.

A enfermeira Suiane Costa Ferreira, informa que tomou conhecimento do Farma Game durante a realização do 4º Seminário de Tecnologia Aplicadas em Educação e Saúde (STAES), em 2019, quando a Dra. Maria Fernanda, representando o CRF-BA, apresentou o jogo sobre a forma de artigo científico.

Suiane, que coordena o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Comunidades Virtuais, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), grupo de pesquisa que se dedica a estudar e desenvolver tecnologias diversas para a interface educação, saúde e tecnologia, é uma entusiasta do uso do Farma Game.  

“Tivemos a oportunidade de aplicar o jogo como atividade em uma escola pública de Salvador, por conta da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Na ocasião, também foi promovido um debate sobre a contribuição dos jogos na educação ambiental”, destaca a enfermeira.

Como estudiosa do tema, ela afirma acreditar que os jogos têm um grande potencial para mediar processos de ensino e aprendizagem, em ambientes formais ou não formais de educação. Nesse aspecto o Farma Game possui um grande potencial, utilizando uma maneira simples, porém, lúdica e divertida, promovendo uma experiência de aprendizado saindo do modo tradicional de ensinar.

“Na Uneb, os jogos têm sido utilizados para potencializar a educação em saúde para a população, abordando questões como o tratamento de doenças, mudanças de estilo de vida, etc. Além da formação em saúde para os graduandos e profissionais já atuantes, como forma de promover a complementação dos conhecimentos”, relata.

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A farmacêutica Dra. Amanda Cardoso, da Farmácia Universitária da Ufba, destaca que o Farma Game por meio de uma “disputa” saudável trabalha a interatividade e estimula os participantes.

Se o assunto for tratado de uma maneira monótona talvez não consigamos chegar ao objetivo. Por meio do jogo de tabuleiro, as pessoas participam e se sentem estimuladas a mostrar seus conhecimentos, se questionando se aquele conhecimento é verdadeiro e refletem alguma informação que ela desconhecia e descobre durante a atividade, etc

Dra. Amanda Cardoso

Segundo a Dra. Amanda, durante o jogo as pessoas se deparam com situações que elas mesmas ou alguém próximo já vivenciou. “Os participantes compartilham o que sabem e aprendem também, pois o uso de medicamentos está inserido no cotidiano das pessoas”, ressalta.

Completam a equipe da Faculdade de Farmácia da Ufba: o Dr. Marcelo Tavares; a bolsista Renata Gonçalves e as estagiárias Ingrid Santana e Caroline Dias.

O Farma Game é disponibilizado para quem tem interesse em reproduzi-lo. Basta entrar em contato pelo e-mail do CIM (cim@crf-ba.org.br) que as regras, arquivo do tabuleiro e cartas serão encaminhadas gratuitamente. O CIM também possui um jogo que fica disponível para empréstimo. Entretanto, o ideal é que cada instituição possa imprimir seu próprio Farma Game e utilizá-lo sempre que desejar.

A Faculdade Federal do Espírito Santo (UFES) já solicitou e confeccionou o seu Farma Game que é utilizado na educação em saúde de crianças que estudam em escolas públicas daquele estado.

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