FARMACÊUTICA E PESQUISADORA DO SENAI CIMATEC FALA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA CONTRA A COVID-19 COM PARTICIPAÇÃO DA BAHIA
O anúncio feito na quinta-feira (26), sobre a autorização da Anvisa para a realização de ensaios clínicos, no Brasil, de uma vacina candidata a combater a Covid-19, com a participação da Bahia nas pesquisas de desenvolvimento, foi uma grata surpresa para todos.
Trata-se da RNA MCTI CIMATEC HDT, do laboratório norte-americano HDT Bio Corp, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Cimatec), da Bahia, e a empresa Gennova Biopharmaceuticals Ltd., da Índia.
De acordo com a farmacêutica bioquímica e pesquisadora do Senai Cimatec, Dra. Bruna Machado, a expectativa é de que as três fases de estudos clínicos, como ocorre com as outras vacinas contra a Covid-19, sejam concluídas em um ano.
A Dra. Bruna Machado informou que o Senai Cimatec e o HDT Bio Corp já são parceiros em outros projetos e o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 é um deles. “Além de ficar responsável por conduzir os ensaios clínicos nas fases 1, 2 e 3, aqui no Brasil, o Senai Cimatec vai internalizar a tecnologia necessária para que, em 2022, seja iniciada a produção nacional”.
Outra expectativa em relação à vacina, que é baseada na tecnologia de RNA replicon (repRNA) auto amplificante (capaz de codificar a proteína Spike (S) do novo coronavírus) é que seja aplicada em uma única dose. “Mas, para que isso se confirme, é necessário aguardar pela conclusão dos estudos clínicos”.
O desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, na Bahia, coloca o estado numa posição destacada no Brasil. Como profissional da saúde, a Dra. Bruna vê isso com orgulho, pois é um trabalho que envolve 30 pesquisadores baianos envolvidos no codesenvolvimento e incorporação dessa tecnologia.
“É muito gratificante ver uma instituição baiana de ciência e tecnologia representando nosso estado no desenvolvimento de uma vacina tão importante. Hoje, o Senai Cimatec já possui uma infraestrutura capaz de produzi-la no nível laboratorial para, por exemplo, novos ensaios pré-clínicos”.
Atualmente, existem seis farmacêuticos envolvidos nessa pesquisa, explica a pesquisadora. No entanto, a Dra. Bruna Machado acredita que, com o andamento dos estudos clínicos, será necessário contratar mais desses profissionais. “A presença do farmacêutico em uma pesquisa como essa é fundamental, desde a etapa de desenvolvimento, passando pelos ajustes na formulação, na condução dos estudos clínicos, passando pelo controle de qualidade, pela parte legal e técnica junto à Anvisa, etc”.